Refiro-me ao dia de Tiradentes.
Nunca é demais relembrar que Joaquim José da Silva Xavier, alcunhado "Tiradentes", era um desafortunado, os pais morreram prematuramente, deixando sete filhos, perdera suas propriedades por dívidas e tentara sem êxito o comércio. Em 1775, entrou na carreira militar, no posto de alferes, o grau inicial do quadro de oficial. Nas horas vagas, exercia o ofício de dentista, de onde veio o apelido depreciativo de Tiradentes.
Para entender como "Tiradentes" se meteu nessa fria, necessário se faz uma rápida regressão à sociedade mineira das últimas décadas do século XVIII, era uma fase de declínio, queda na produção de ouro, e a Coroa portuguesa exigindo a arrecadação do quinto(tributo sobre o ouro), os inconfidentes, tomada a história pessoal de cada um, apresentavam razões específicas de descontentamento em relação à administração da capitania. Os inconfidentes constituíam um grupo da elite colonial, eram: mineradores, fazendeiros, magistrados, advogados e militares de alta patente...
Alguém lembra de dois livros que líamos no segundo grau(ensino médio): "Marília de Dirceu" e "Cartas Chilenas"?
O autor dessas obras é o intelectual e Ouvidor da Coroa portuguesa, logo, integrante da elite colonial: Tomás Antonio Gonzaga.
Tomás Antonio Gonzaga, pelos planos dos inconfidentes, vitoriosa a conjuração seria o governante durante os três primeiros anos e depois haveria eleições.
Para entender melhor a conjuração que se formava anote o ano de 1782.
Em 1782 com a chegada do novo governador da capitania - Luís da Cunha Meneses, a elite mineira foi marginalizada, o governador passou a favorecer seu grupo de amigos...
Quando começou a desgraça de "Tiradentes"?
Começou a partir do momento que ele perdeu o comando de um destacamento dos Dragões que patrulhava a estrada da Serra da Mantiqueira. Em relação à Inconfidência Mineira o nosso Joaquim José(Tiradentes) não liderava nada, não tinha posses... Era mais um insatisfeito com a nova situação.
Figuras históricas do movimento, além de Tomás Antonio Gonzaga, se destacam Alvarenga Peixoto magistrado, Francisco de Paula Freire de Andrade de alta patente militar era o comandante dos Dragões.
Definitivamente Tiradentes não pertencia à elite que organizara o movimento, era uma exceção... Juntou-se ao movimento para retomar o comando na estrada da Mantiqueira... Pagou um preço alto!
Joaquim José foi um "inocente útil"...
A ameaça da derrama, serviu de senha para a conjuração, muitos inconfidentes eram devedores da Coroa, e por conta da derrama havia a ameaça de cobrança de devedores da Coroa... Muitos devedores da Coroa eram decorrentes de contratos feitos com o governo português para arrecadar impostos, era comum na época colonial conceder a função de arrecadar impostos aos particulares que tinham boas relações na administração com a Coroa, arrecadavam e não repassavam todos os recursos à Coroa.
em março de 1789 o movimento rebelde foi denunciado pelo inconfidente Silvério dos Reis, que era devedor da Coroa, como vários inconfidentes, a opção de Silvério foi livrar-se de seus problemas denunciando o movimento.
Muitos inconfidentes foram presos, mas a Rainha Dona Maria enviou uma carta de clemência, transformando toda pena capital em banimento (expulsão do Brasil), exceto Tiradentes... Pobre Tiradentes...
Não pertencia à elite, um estranho no ninho... E justamente por não pertencer ao grupo de privilegiaados que Joaquim José deveria servir de exemplo.
Enforcado e esquartejado.
Joaquim José da Silva Xavier era uma pessoa do povo, a elite preservada, Tiradentes esquartejado!
Os militares que apoiaram o Império e odiavam Tiradentes, com a República tiveram que enaltecer o novo ícone: Tiradentes.
Eis aí a história de uma pessoa que queria apenas recuperar o comando de um pequeno destacamento na estrada da Mantiqueira... Só isso.